RPG: Role-playing Game.
"Eu não tenho nada contra ele, é um personagem simpático. Eu até conseguiria jogar, se ele respirasse de vez em quando, para variar."
O RPG foi lançado oficialmente na década de 1970 com Dungeons & Dragons nos Estados Unidos. Além dos livros e os jogos de mesa, adquiriu formato virtual em fóruns e LiveJournals, e foi assim que ele chegou às páginas do orkut na comunidade Fics de Bandas.
O primeiro RPG slash do bandom, Make Out Kids, foi trazido em 2006 com tema chocante. "Nós pensamos que precisávamos de um super enredo e, após um brainstorm, a ideia das máfias foi a mais plausível. Achávamos que ninguém iria entrar, e foi surpreendente a quantidade de pessoas que se interessaram" diz uma das moderadoras, Luana Rezende de Mello, 25. "Era marcar um mestrado e todos apareciam."
A história sobre mortes, traições e intrigas eternizou entre as jogadoras e logo se espalhou para instigar outros membros da comunidade. Seguindo a linha de raciocínio, chegaram com jogos via MSN o Cosa Nostra e o influenciado por ele, Chaotic, atualmente em hiatus. Não distante disso, Betrayed, esse via AIM, está entrando em sua reta final. "Eu queria algo com gangues pelo MOK ter sido o único que joguei sobre isso" comenta Suellen Marques Roman Silva, 21. "Tinha a base e juntei com as ideias das meninas."
Jogos com enredos mais pesados, entretanto, não foram os únicos que apareceram. Membros de bandas já fizeram viagens ao passado, estudaram em Hogwarts e lutaram contra forças desconhecidas, mas também não deixaram de viver a doce e não tão pura vida adolescente. "Eu queria jogar e não encontrei ninguém, então acabei conseguindo parceria via Twitter e nós pensamos em um acampamento de verão" diz Ayesca Lidianne de Oliveira, 15, moderadora de Summer Camp. "Ainda está no começo, e por isso estamos pensando em abrir novas vagas para cobrir os personagens que nunca aparecem". Personagens fantasmas, por sinal, são um dos maiores problemas dos RPGs atuais. "Eu não acho legal, porque muita gente deixou de se inscrever para os inscritos quase nunca aparecerem" ela continua.
E, além daqueles que nunca aparecem, existem os que não se preocupam com o enredo. "Hoje, o mais importante é o drama da pegação, gostar de um e trair com outro. Antes, no MOK, as gangues eram realmente rivais e os personagens se aliavam, faziam inimigos, se machucavam. Foi um RPG em que eles realmente morriam. Os backgrounds eram criados e as pessoas os seguiam" afirma Luana.
Só resta descobrir o motivo da mudança, e o que não falta são opiniões. "Imagino que, com a entrada de novos jogadores e a falta de incentivo por parte dos antigos, as descrições foram se tornando cada vez mais fracas. Uma pena, considerando que o jogo pode ser muito mais que beijos e sexo. E inclusive eles ficam mais incríveis, se bem detalhados" comenta Beatriz Couto dos Santos, 18, jogadora de Betrayed. "Tenho jogado mais em fóruns em que as pessoas são obrigadas a descrever melhor" acrescenta Luana.
Mas, mesmo com tantos defeitos e motivos para abandoná-los, nem sempre é fácil deixar um RPG. "Você se envolve com os personagens, e são eles que fazem o jogo valer a pena" comenta Bárbara Cristina Rubio Mistroni, 15, jogadora de Summer Camp. E é por isso que eles continuam por aí. Sem graça ou geniais, com enredos batidos ou inovadores, com jogadores interessados ou não, continuam sendo um hobby para leitores, antigos leitores, atuais autores ou os aposentados. Jogar é como viver uma segunda vida, moldada com carinho e envolvendo aquilo que nunca se experimentaria no mundo real.
- Por Cínthia Zagatto.
1 comentários:
RPG é muito amor - só isso a dizer. *-*
9 de março de 2010 às 22:16Postar um comentário
A página de comentários está ocupada. Para evitar qualquer tipo de conflito entre leitores, vá ler um livro e volte mais tarde. Obrigada. :)